quarta-feira, 29 de maio de 2013

Era a vida

Dos dias que se foram,
Tudo contigo de novo viveria...
Aqueles dias,
Que os céus me socorram,
Pois a paz,
Mesmo não sendo sincera,
Era contigo que eu sentia,
Saudade das controvérsias,
Das incongruências,
Das diferenças,
Isso sim nos construía.
Era real, era crescimento...
Hoje não passa de nostalgia,
Mas sem a hipocrisia de que era perfeito,
Sendo sincero, como antes não nos fomos,
Éramos felizes e não sabíamos.
Tínhamos vida vivida junto.
Onde os afazeres nos consumiam,
Onde o romance se travestia,
Onde as pazes, na cama, a gente fazia.
Que saudade da verdade da convivência.
Doía, mas era nosso, era vida, era família,
Era você minha real companhia.
Sorte de um amor tranquilo?
Sem essa, sorte era te amar!
Com defeitos de ambas as partes,
Mas o algo simples prevalecia.

terça-feira, 14 de maio de 2013

ENCAIXOTA


E eu que vivo nessa dúvida,
Será que um dia a gente volta a se encaixar?
Deixo a carta debaixo da porta,
Sem saber no que vai dar,
O 'não' é dito sempre da mesma forma,
Com gosto de quem vai chorar,
Com o rosto rubro, urro a chorar...

Vai meu bem,
Sei que não tem volta,
Encaixota nossas lembranças,
Deixa tudo pra lá.

Vai meu bem,
Admito a derrota,
Encaixávamos tão bem,
Mas hoje quem se importa?

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Dane-se

Sim, cometi erros,
De muito me arrependo,
Dediquei o nada a quem merecia tudo,
Perdi-me em tudo em que não me era nada,
A gente acha que tudo tem meio,
Mas tantas vezes só é fim e começo,

A gente se perde, perde a alma,
O caráter, a verdade, a vontade...
E o recomeço vazio se estende por toda vida.
A saudade do que era chato alaga...
Das lágrimas, ainda na metade.
O mesmo vazio que se mantém...
Remexendo as mesmas feridas.

Dos erros carrego o castigo,
E por mais irônico pareça,
É contigo que sonho diariamente,
Alguns sonhos pesadelos antigos,
Outros apenas carência,
O de hoje fora tão bom que doeu acordar.

Sonhei com teu perdão,
Sonhei com nossa vida retomada,
Sonhei com teu sorriso, com tua graça...
Sonhei em vão...
Do destino virei piada...
E essa dor, jamais passa.


Introdução Ao Assassino Emocional


Um Ser Racional

Não havia mais a lembrança da noite em que se principiaram as questões insones causadas pelos erros, medos, desconsertos a afins, que o trouxeram até aqui.  Saber dos erros e da impossibilidade de voltar no tempo e corrigir todas as incoerências e incongruências só o matava lentamente. Várias vezes parecera-lhe ser solução mais eficaz, para o extermínio da dor e o aniquilamento da culpa, o inexistir. Dar cabo do único culpado de suas próprias dores. Assim vagava em sua mente o desejo mortis de solução egoísta. Por fim à sua culpa jamais traria de volta a tranqüilidade e a paz ao coração dela, aquela que longe de qualquer culpa fora afetada violentamente pelas atitudes do nosso insone personagem. “Quão bom seria se ela não tivesse sofrido com minhas fraquezas.” Desejava silenciosamente o algoz da verdade e do amor. Assassinou-lhe sem chance de defesa, pisara em tua face mesmo após o escárnio. Tornou-se, em definitivo, o monstro que outrora odiara.

Agora as questões e as soluções pairavam em sua cabeça, ele mesmo tentava entender-se. Suturava suas feridas com racionalidades, abandonando sua fé e suas emoções. Tornara-se infeliz, insosso, apagado, deixara de buscar um futuro próspero à medida que deixava de acreditar nas ditas “coisas boas da vida”. Sabia ele que já havia provado destas, sabia o sabor de cada bom momento supervalorizado pela humanidade atual. Alguns lhes diziam para preservar as boas lembranças, as ditas “coisas boas”. Mas só ele sabia o peso que vinha junto de toda boa coisa que ela representara em tua vida passada, só ele sabe o quão vazio e doído é descobrir tardiamente o valor daqueles dias.

Enquanto suas noites se preenchiam por todas estas mazelas e lembranças, seu coração se escurecia, necrosava-se para qualquer outro sentimento que ali quisesse habitar. Seguia impondo sua racionalidade à frente de qualquer situação, qualquer emoção ou qualquer religiosidade. Fé? Somente nos assuntos que tivessem uma resposta racional. Devorava livros como se procurasse neles a cura de um câncer. E como na busca da doença obteve as mesmas respostas. NADA! Absolutamente nada seria capaz de lhe devolver a vida que perdera de forma tão bestial. Assim nascia sua verdadeira essência, o ser racional, o assassino sem emoção. Impulsionado pelo crime que mais lhe doeu em vida, vida esta deixada caída ao chão com seu amor próprio. Agora morto emocionalmente, nada mais faria diferença ou sentido no que fosse relativo aos sensos comuns e às regras, sejam elas leis ou mandamentos.

Hoje este indivíduo só quer transgredir os sentimentos abstratos, as formalidades, as “purezas” hipócritas da sociedade em que habita. Rótulos nós sabemos que não lhe faltarão: Blasfemo, assassino, psicopata, doente, rude, infeliz, canalha, covarde... Dentre outros de certa forma corretos de outras formas errados, como os ditos até então. Mas como ofender um ser cujas emoções lhe foram arrancadas do peito? Como fazê-lo sentir culpa depois de carregar uma única culpa que lhe tirou todo o sentido de vivência?

Lágrimas não mais caíram daqueles olhos, perplexos e certos de que o egoísmo de arrancar-lhe a própria vida não teria efeito nas mudanças que gostaria, fizeram-no repensar sua responsabilidade no mundo. Um ato bom anularia um ato ruim? Vários atos bons de índole ruim anulariam o mau? Diversos atos ruins compensariam um grande ato bom? Até onde sua dor importava para os demais? O que fazer? Perdão não lhe seria dado pelas atitudes que o trouxeram a este ponto. Então, onde redimir-se? Opções que seguem ritos religiosos não faltam no mundo, mas isso seria como dizer que a coerência não tem nenhuma importância, algo que ele seria incapaz de fazer. “Um ritual jamais se equivaleria ao meu erro de forma oposta a ponto de anular minhas ações. E se arrependimento trouxesse perdão eu já teria sido perdoado logo depois do meu erro, mas não fui perdoado até então.”

Não lhe sobrara outra opção além de tornar-se o que o destino já havia tramado desde o título (e subtítulo) deste relato.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Humor não é isso

Da necessidade profana de estar em evidência,
Cria-se o ser banal, tolo, tosco,
Vulgarmente conhecido como "palhaço"...

O engraçado,
O ser capaz de ridicularizar-se em prol das gargalhadas.

Humor não é isso...

Da falta de criatividade e de conteúdo nasce o idiota.
O indivíduo capaz de se fazer sorrir a face,
Mas nunca a alma.

O babaca,
O ser capaz de insultar-lhe em troca de aplausos.

Humor não é isso...

Nasceu o bullying e suas equivalências,
Nasceu a arrogância, filha da ignorância.
Brotou-se então a decadência...

Essa nossa sociedade é realmente uma piada.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Tua Flor

Tua flor aos meus lábios convidam,
Umedecida por saliva se contrai...
O contato que tanto nos excita,
Do alto ouço-te a voz desejosa: 'Vai...'

Passeio por entre as pétalas,
Por onde a ponta da língua consiga,
Carinhosamente, se agita...
Tua flor, agora tão minha, que a diga...

Um banho em minha face,
Assim me agradece,
E eu, com sorriso cativante,
Radiante por tê-la estremecido as pernas,
Semi-serro o senho e espero que peças...
...Mais uma dessas, vai!

Fé?! Sei...

A fé, que não seja em si, te engana,
Com esta fé fazes o "impossível",
Mas orgulha-se por outro.

Esta fé abastece a impotência,
Já a descrença... Instiga a sapiência.
A busca, o sofismo.

Dessa fé nasceram as explicações estapafúrdias,
Da incredulidade nasceram as repostas coerentes.

E se tu sofres alguma aflição doentia,
Que o deprime e o consterna,
Anime-se, pois a solução para tua dor não existe.
Tua dor o complementa.

Some-a aos teus conceitos,
Some-a aos teus defeitos,
Some-a à tua experiência de vida,
Então descobrirás...

Que acreditar cegamente, no que não tem explicação,
É a forma mais imbecil de não aprender nada sobre si.

Você chorou, sofreu, se desiludiu...
Fato é, estás vivo, e estas são as ocorrências da vida.
O mundo acabou para ti e precisas apegar-se a algo para continuar?
Você não se basta para reerguer-se?

Dou-lhe duas opções.
Permita-se a manipulação de uma massa preguiçosa,
E aguarde o paraíso.
Ou, seja coerente consigo, busque somar suas experiências,
Com o intuito de ser alguém melhor.
Analise teus atos, suas verdades, suas mentiras,
Seus enganos, suas certezas.
Deixe que sua vida o leve para quem tu és.
Assuma o quão pequena e tacanha é sua mente afim de evoluir.